(In) Feliz Dias das Mães!


Outro dia vi no Facebook alguém que escreveu o significado dos dias das mães. Não me lembro em detalhes, mas tinha um fundilho católico.
Bem, o capitalismo tem o mérito de transformar tudo em mercadoria, e os dias mães, a segunda maior data do varejo brasileiro, não é diferente.
Além de mercantilizar com o lance dos presentes, ainda coisifica a maternidade a tornando algo inatingível.
Bom, vamos começar pela lei, adoro a lei e sua capacidade de normatizar tudo.
Pela lei, só somos mães até o cabra ou a cabra atingirem a maioridade aos 18 anos, e acho isso perfeito, porque aos 18 o sujeito ou a sujeita deve ter condições de se virar no mundão.
Mas a sociedade, ao sacralizar a maternidade, nos empurra para um mal estar sem fim, e nos obriga a criarmos com  a mesma devoção devida a um bebê cada marmanjo barbado, e os marmanjos barbados que casaram com nossas filhas.
Sinceramente, eu não vejo grande vantagens em ser mãe: trabalho sem férias, descanso, prestigio, retorno, salário. E nunca para, só aumenta.
Mesmo o tal do amor materno, eu me questiono se de fato existe, o que penso, é que filho é um projeto tão grande, que requer tanta dedicação, que devotamos a ele o mesmo amor que um fumante devota a um maço de cigarro. E só. 
As crianças crescem, desenvolvem personalidade, que nem sempre agradam a mãe, vai viver sua vida, dar as suas cabeçadas, aprender a correr nesse mundão e a vida segue.
A maternidade nada mais é, do que uma função social, que se tornou culturalmente, algo mágico e divino.
Esse discurso do mágico e divino tem duas finalidades: nos oprimir, por que ficamos presa aos filhos, e nos enganar para que aceitemos de bom grado a (in)felicidade de ser mãe.
Ser mãe pra mim é isso, ser feliz e infeliz ao mesmo tempo.
Depende de como surgiu o projeto criança na sua vida, depende de como desenvolver o projeto criança, depende se você tem grana pra pagar baba, comprar Pampers, pagar convênio, comprar papinha da Nestlé e Nan. Depende.
Em regra, no capitalismo se você tem dinheiro, você pode comprar a sua felicidade. Se não tem, bem...ai é outra história. 
Hoje eu desejo que só por hoje, as mães dos presos, seja na FEBEM ou nas detenções, sejam menos humilhadas nas revistas, hoje eu desejo que as Mães de Maio daqui e da Argentina sintam menos a dor de ter seu projeto assassinado impunemente, hoje eu desejo a todas as mulheres que passam fome para que seus filhos tenham de comer possam se alimentar dignamente, hoje eu desejo que todas as mães que apanham de seus maridos com medo de sair de casa e sem saber como cuidar dos filhos sozinha se sintam amparadas e confortadas e rompam com o ciclo de violência, hoje eu desejo que as mães que se acabam no crack e no álcool sintam-se bem com sigo mesmas e superem o vicio rumo a uma vida mais humana.
Hoje, eu desejo, que todas as mulheres oprimidas e exploradas, possam se libertar da opressão, começando pelo peso da maternidade.
(In)Feliz Dias das Mães a Todas Nós!

Ps: Amo meus projetos crianças (João e Pedro), mas esse dito amor, não me impede de perceber que a maternidade em via de regra é uma cadeia invisível, implacável e opressora.

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