As crianças mentem... mas e os adultos?

Hoje, vendo meus filhos brincarem com as crianças da casa ao lado, ouvi o João mentindo.
Sinceramente não tive nenhuma vontade em corrigi-lo. As crianças mentem. Mentem por vários motivos. No caso do João, acho que foi para não fazer feio para o amigo.
O fazer feio, a gente pode entender pela reprodução do valor social de não se passar por menos: menos rico, menos informado, com menos brinquedo, enfim...
Mas o que me deixou pensativa (a ponto de voltar a escrever no blog), é o por quê os adultos mentem?
Tenho uma amiga, linda e querida, que eu amo, mas que vivo acusando de ser infantil (como se ser criança fosse algo condenável), ela me faz pensar muito, sobre a valoração que damos as crianças, e fico pensando até que ponto, os tais defeitos infantis dela, não são só hábitos dos adultos que as crianças incorporam em seu modo de ser e estar no mundo.
E sendo assim, não é ela que é infantil, mas sim o mundo adulto que é perverso demais, e a culpabiliza pelo fato dela seguir a essência dela mesma, o modo dela de ver e estar no mundo.
Tenho dificuldade em ensinar moralidade pros meus filhos. Até por quê pra mim, combater o machismo, o racismo, o sexismo, a homofobia e a exploração não ensinamento moral, e sim revolucionário.
Mas, como vou dizer pro meu filho: olha não minta, se eu minto?
Como dizer pra ele não ter preguiça se eu gosto de levantar tarde?
No fundo, acho que os adultos mentem, por que a gente sofre muito com a pressão pela perfeição estética, moral, sexual, profissional, acadêmica, racial, politica...ai, a gente mente como forma de responder a essas expectativas. E estar sempre ali, junto ao grupo e/ou sendo protegida pelo grupo.
Acho que o maior conflito que vivemos é a luta entre aquilo que somos e aquilo que dizem que temos que ser (ou até mesmo, o que queremos ser).
Outro dia, conversando com a minha cunhada, contei que eu e o Marcos estamos construindo um relacionamento livre da monogamia. Ela se assustou e perguntou de onde tiramos isso? Eu respondi pra ela: na prática, na maioria das vezes é assim, por que então não ser realista e lidar com a questão com respeito e com base na realidade?
Ás vezes a felicidade me parece um copo de café quentinho e um abraço apertadinho dos meus meninos. Tão simples, e tão complexa ao mesmo tempo.

Ps: divaguei, divaguei, e num disse nada. Fazer o que, às vezes é assim mesmo.

Ps2: Aqui caberia uma discussão filosófica sobre ética e moral, e também debater um pouco o que 500 e tantos anos de lavagem mental católica fez conosco. Mas, hoje eu quero sair só.

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