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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

Isso me dá falta de ar - parte II

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São 6 anos. 6 anos que descem pelo ralo. Em algumas culturas as águas usadas são reaproveitadas e servem para fazer outras coisas. Coisas novas diferentes. Mas, quando se chega no fundo, para onde mais se pode ir? Eu cheguei no fundo. Onde não há mais racionalidade, estou onde começa o caminho da mágoa. Não existe caminho sem volta, eu sei. Podemos tudo que quisermos, recomeçar, começar, refazer, fazer. Me sinto sem ar, sem chão, sem apoio. Quem me dera poder fazer como na música, e fazer um traje espacial pra na Lua viver. Mas a realidade é mais concreta que o realismo literário. Fico me perguntando, qual é doce mágica da convivência. Venho de uma trajetória familiar, onde todos os relacionamentos foram ou são fracassados. Meus pais se separam quando eu tinha seis anos, uma parte da família não conversa com a outra, minha mãe não fala comigo a mais de três meses. É nessas horas que eu compreendo todos os estudos sobre o fracasso social de indivíduos com trajetória

Sobre o corpo e a maternidade

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A coisa mais gostosa, quando nosso filho é bebê, é ficar deitado sentindo a pele macia e novinha do bebê. Mas, a medida que os filhos crescem, os momentos de contato pele a pele vão diminuindo. Gosto tanto de ficar deitada com os meninos na cama, brincando, se beijando: a gente brinca de salão de beleza, brinca de massageador, brinca de guerra de coceguinhas... Sempre fico com a sensação, de que mesmo quando forem adultos, eles saberão que meu corpo ainda é um espaço deles, e que desde o tempo da gestação, não há uma barreira entre nós. É uma coisa simbólica, mas acredito que no físico, o simbólico se concretize; e que ao poder tocar meu corpo sem pudor, eles sentirão que eu estou sempre ao alcance deles. Cresci, e me lembro muito pouco de poder tocar minha mãe ou meu pai, nem mesmo depois de adulta. Um simples abraço é motivo de constrangimento. Demorei muito, para compreender a função afetiva e emocional de tocar o outro. Foi preciso conviver cotidianamente com meu c

Quando lavar o banheiro se tornou um ato político .

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Ah, o FaceBook. Nada como ele para agitar essa tarde quente e monótona.  Como diria o poeta: dias quentes e longos pagando paixão. A pessoa que vos escreve, postou lá em terras virtuais (é, a terra dos amores eternos - SQN), que o seu compa tem feito com muito zelo as tarefas domésticas. Algo, como se fosse uma comemoração. E, de fato, um homem lavar o banheiro, na sociedade machista que vivemos, deve ser muito bem comemorado (e usado de exemplo, para que outros homens aprendam). Por que afinal de contas, ser feminista liberando a companheira para sair com quantos parceir@s quiser é fácil (até por que, o cara também se beneficia disso). Duro mesmo é cuidar dos filhos por igual, cuidar da casa por igual e assumir seu machismo sem recalque. Esse papo todo de banheiro e opressão, me lembrou um trecho do livro do Marcuse - A ideologia da sociedade industrial, quando ele explica o processo de dessublimação repressiva. É mais ou menos assim: para o desenvolvimento da civil

Eu tenho medo.

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Eu tenho os mais diversos tipos de medo. Mas, os que tem me acometido no último período são os medos maternos. Olho pros meus filhos, em especial pro João, que é o mais velho, e fico pensando que se eu pudesse, o deixaria livre dos males desse mundo. Ao terminar essa frase, já ouço um certo alguém me dizer, que devo lutar para que ele cresça num mundo humano e justo. Mas aí eu penso: que bom seria se as desgraças desse mundo, só o atingisse na idade adulta. Amanhã é o primeiro dia de aula dele na escola, digo, no 1ºAno do Ensino Fundamental, e ele está todo motivado, empolgado, ansioso.  Fico pensando nas possíveis frustrações, desde a professora ou professor ser um profissional estressado (pelos anos de exploração trabalhista), de que as coisas não saiam como ele está imaginando. A escola é pequena, a sala é super lotada (38 alunos!), faltam recursos didáticos. Mas, ás vezes também penso, que a expectativa dele pode ser bem simples: socializar com outras crianças e oc