O caso do vagão rosa: vagão só para mulheres, sociedade só para homens


Reza a lenda urbana, que numa cidade enorme como São Paulo (aproximadamente 92 milhões de habitantes), onde 52% da população são espécies do sexo feminino, um simples vagão de trem na cor de rosa, por cada composição, livrará as mulheres da violência sexual diaria neste meio de transporte.
Essa mesma lenda, afirma, que dessa maneira, só será vitima de violência quem quiser, já que, embora as mulheres sejam maioria, um vagão por composição será o suficiente para  protege-las.
A mídia, que alimenta essas lendas, mostra em seus programas, diariamente, ora sutil, ora escancarado, as mulheres como objeto: de desejo, de consumo, de decoração, de submissão. Na mídia, as tais mulheres, são sempre novas, e quanto mais novinha melhor. 
Há um programa em especial, um tal de Zorra Total, que não por acaso (ou seria acaso?), tem um quadro onde uma mulher é assédiada, e demonstra gostar, afinal ela é feia, que mulher feia não ia gostar de ser abusada, não é mesmo?
Mas, esse papo de mulher feia sendo abusada é noticia velha, e, na terra tão tão distante onde se passa a lenda do vagão rosa, noticia velha não embrulha nem peixe da feira. 
Nessa terra, os homens, evoluídos e esclarecidos, não conseguem controlar suas pulsões, e o único jeito de proteger os cavalheiros do terrível diabo de buceta, é criar um vagão só para mulheres.
Mas vale a pena dizer, que na terra onde essa lenda se passa, os homens não sabem pensar, e tem dificuldade em entender que uma saia curta, um decote ou um copo de cerveja não são jeitos meigos dizer SIM, POR FAVOR ME ESTUPRE, coitados, são tão ignorantes.
Bem, no fim da lenda, é dito, que nessa terra onde essa lenda se passa, o futuro das mulheres é sombrio, e a moral da história é que mesmo estando uma mulher no comando desta grande nação, mesmo as mulheres sendo a grande maioria, nós só merecemos um vagão, nós só precisamos de um vagão.

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