Precisamos falar sobre nós... e sobre eles também




Ai o amor!
Ai o amor cantado pelo Jorge Ben!
Ai o amor de tantos nomes, de tantas bocas, de tantos acordes... Ai o amor!
Eu tenho ouvido muito Jorge Ben, e ele tem me feito pensar muitas coisas. Mais ele tem me feito pensar muito sobre relacionar-se de novo.
Sobre todas as possibilidades de amar de novo (supondo que um dia amei).
O amor têm cor? O amor têm cheiro ou sabor? O amor têm idade ou classe social? Poderia um burguês amar um trabalhador ou um trabalhador amar um burguês?
Pode um homem amar uma mulher? Pode uma mulher amar um homem?
Podemos nos amar?
Uma vez conversando com uma amiga, eu lhe disse que ela devia rever seu conceito de amor, mais qual é o meu conceito de amor?
Tenho pensando que amor é liberdade, por isso não deve ter cor, classe, cheiro, conta bancária ou sobrenome.
Mais pra mim amor também é politico, logo quem eu amo, diz muito sobre o que penso e acredito.
Se por um lado, para mim enquanto mulher preta, me relacionar com um homem que apenas me vê como mulher (desconsiderando todos os estereótipos e estigmas sócio históricos e culturais) é libertador, por outro lado me relacionar com um homem que compreende todo o processo de tornar-se mulher negra e reconhece que nosso amor é sobretudo politico, e portanto eleva a possibilidade de ser e fazer o ser livre, à uma dimensão concreta e não só simbólica; apresenta-se aos meus olhos como algo revolucionário.
O problema é que ele, o homem negro, ainda não entendeu o que é ser mulher negra. Parece que só o Jorge Ben sabe alguma coisa sobre isso.
A minha pergunta é: o que nós homens e mulheres negros faremos? Para onde iremos? Como faremos?
Poligamia, amor livre, amor inter racial, amor afrocentrado, monogamia, solidão da mulher preta, solidão do homem preto... Antes de entendermos, pensarmos, fazermos, vivermos tudo isso, a gente têm que aprender a ser gente, GENTE que é feliz e brilha, sonha, é livre, deseja e finalmente ama.
Eu só sei, que enquanto escrevo esse post, ouvindo Jorge Ben, sinto uma inveja desgraçada das mulheres do Jorge.
Que pena! Que pena!


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