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Quando lavar o banheiro se tornou um ato político .

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Ah, o FaceBook. Nada como ele para agitar essa tarde quente e monótona.  Como diria o poeta: dias quentes e longos pagando paixão. A pessoa que vos escreve, postou lá em terras virtuais (é, a terra dos amores eternos - SQN), que o seu compa tem feito com muito zelo as tarefas domésticas. Algo, como se fosse uma comemoração. E, de fato, um homem lavar o banheiro, na sociedade machista que vivemos, deve ser muito bem comemorado (e usado de exemplo, para que outros homens aprendam). Por que afinal de contas, ser feminista liberando a companheira para sair com quantos parceir@s quiser é fácil (até por que, o cara também se beneficia disso). Duro mesmo é cuidar dos filhos por igual, cuidar da casa por igual e assumir seu machismo sem recalque. Esse papo todo de banheiro e opressão, me lembrou um trecho do livro do Marcuse - A ideologia da sociedade industrial, quando ele explica o processo de dessublimação repressiva. É mais ou menos assim: para o desenvolvimento da civil

Eu tenho medo.

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Eu tenho os mais diversos tipos de medo. Mas, os que tem me acometido no último período são os medos maternos. Olho pros meus filhos, em especial pro João, que é o mais velho, e fico pensando que se eu pudesse, o deixaria livre dos males desse mundo. Ao terminar essa frase, já ouço um certo alguém me dizer, que devo lutar para que ele cresça num mundo humano e justo. Mas aí eu penso: que bom seria se as desgraças desse mundo, só o atingisse na idade adulta. Amanhã é o primeiro dia de aula dele na escola, digo, no 1ºAno do Ensino Fundamental, e ele está todo motivado, empolgado, ansioso.  Fico pensando nas possíveis frustrações, desde a professora ou professor ser um profissional estressado (pelos anos de exploração trabalhista), de que as coisas não saiam como ele está imaginando. A escola é pequena, a sala é super lotada (38 alunos!), faltam recursos didáticos. Mas, ás vezes também penso, que a expectativa dele pode ser bem simples: socializar com outras crianças e oc

Isso me dá falta de ar...

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Me dá falta de ar... Como fazer uma critica aos outros, sem que essa critica derrube pingos em mim? Partindo do principio, da unidimensionalidade dos sujeitos, ou seja, que não há mais diferenciação entre os indivíduos, são todos iguais e manipulados pela ideologia da sociedade industrial; tudo aquilo que critico no outro, tenho em mim. De qualquer maneira, alguma coisa está fora da ordem. Pequenas impressões do cotidiano, que vão sufocando, sufocando, sufocando... até dar falta de ar. Enquanto eu preparava o jantar, fiquei pensando sobre como a vida é tão igual e tão contraditória ao mesmo tempo. Tive a sensação de viver numa gaiola invisível. Presa nos mesmos problemas, igual a música cotidiano do Chico. Só que ao meu ver, a culpa do cotidiano enfadonho não é só dela (como nós faz crer a escrita poética machista do Buarque), que faz tudo igual, mas dele que não se esforça para construir algo novo. Ela pressiona e ele cede. É como, se o cotidiano fosse algo dado, in

As crianças mentem... mas e os adultos?

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Hoje, vendo meus filhos brincarem com as crianças da casa ao lado, ouvi o João mentindo. Sinceramente não tive nenhuma vontade em corrigi-lo. As crianças mentem. Mentem por vários motivos. No caso do João, acho que foi para não fazer feio para o amigo. O fazer feio, a gente pode entender pela reprodução do valor social de não se passar por menos: menos rico, menos informado, com menos brinquedo, enfim... Mas o que me deixou pensativa (a ponto de voltar a escrever no blog), é o por quê os adultos mentem? Tenho uma amiga, linda e querida, que eu amo, mas que vivo acusando de ser infantil (como se ser criança fosse algo condenável), ela me faz pensar muito, sobre a valoração que damos as crianças, e fico pensando até que ponto, os tais defeitos infantis dela, não são só hábitos dos adultos que as crianças incorporam em seu modo de ser e estar no mundo. E sendo assim, não é ela que é infantil, mas sim o mundo adulto que é perverso demais, e a culpabiliza pelo fato dela seguir

Isso também é Brasil...

Vitória, Espirito Santo, Brasil. Mas podia ser Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Maceió, Porto Alegre, Rio Branco, Cuiabá. São jovens, na sua maioria pretos, mas todos pobres, e já dizia Caetano: pobre são como coisas. O vídeo acima foram extraído do excelente post "Shopping Vitória: corpos negros no lugar errado", do blog Negro Belchior ( clique aqui ). Já faz um tempo, que não escrevo no blog (a patrulha do cuidado negra, com o que você escreve, não pense muito, isso faz mal) me estressa demais, e também com as tarefas do mestrado e da vida, fui deixando na reserva a escrita por aqui. Mas dessa vez, foi diferente. ver os videos e os últimos acontecimentos (como o caso dos meninos negros no Ceara que são barrados de andar no shopping por estarem de bermuda e chinelo), e, a eminência dos dados da minha pesquisa, me senti compelida a escrevinhar alguns pesamentos. A Cidade de SP tem aproximadamente 2 milhões de jovens de 15 a 24 anos, desse total 35% vive em

Que falta a experiências nos faz...

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Recentemente, terminei de ler um livro chamado Três Ensaios Sobre Juventude e Violência. No livro, a autora analisa três filmes: Aos Treze, Laranja Mecânica e Cama de Gato, a autora analisa as experiências juvenis da sociedade moderna, a luz das contribuições de Walter Benjamin. Walter Benjamim, é um dos autores da primeira Escola de Frankfurt, e dentre tantas questões, em seus escritos, analisa a questão da experiência. No livro, a autora, discursa que vivemos numa sociedade vazias de experiências, e que esse vazio é marcado pelas dificuldades dos adultos em adultecerem, e cumprirem seu papel de ajudar o jovem realizar a travessia entre a infância e a adultice. Nosso papel enquanto adultos, segundo a autora, seria o de contribuir com experiências significativas para que os jovens, pudessem amadurecer, romper com o passado e continuar a história da civilização. O fato, é que a sociedade moderna, esta vazia de possibilidades de experiências que possam ser vivências format

Vamos falar de nós, meu bem!

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A algum tempo, venho estudando a opressão da mulher,a partir do viés da Teoria Critica da Sociedade. Para quem não conhece, a Teoria Critica da Sociedade não é uma linha ligada aos neo- marxistas, nem ao pós modernismo. Os frankfurtianos se dedicaram a estudar o individuo moderno, e para isso utilizam toda a escola filosofica alemã, com enfase me Marx e os escritos freudianos, pelo fato de Freud ser um dos pensadores que melhor traduziu o individuo moderno.  Nessa relação dialética e histórica, tenho conseguido pensar algumas outras nuances da opressão da mulher.  Penso, que a grande contribuição que a Teoria Critica possa trazer, seja o fato de pensar os processos de constituição do conceito de mulher. Na modernidade, o conceito de mulher emerge com a ideia da mulher para a vida social produtiva, tanto crianças quanto mulheres,eram sujeitos sociais que surgiram com a industrialização, e do ponto de vista conceitual, a definição utilizada foi a relação de diferenciação desse