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Onde queres...

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Eu sou uma pessoa, que me mobilizo a partir das coisas que me afetam. Essencialmente na perspectiva dos sentidos e dos desejos. Mas poucas pessoas afetam meu desejo. Acho que lidar com os sentimentos, é o mesmo que medir o grau do seu nível etílico: é impossível fazer isso sozinho. Por um lado, sempre que uma sensação nova, um querer me desestabiliza, fico feliz por que sei que ainda sou humana, por outro lado, isso é muito ruim, por que no geral, os quereres me desestabilizam. Marcuse (esse danado), disse certa vez numa entrevista (parafraseando o lindo do Benjamin), que a força geradora não é a tecnologia é o nosso querer, que nossa vida, a intensidade de nossa vida é medida pelo quanto queremos. Ainda nessa entrevista, Marcuse diz, que o efeito mais nocivo da industrialização em massa, e sobretudo do crescente avanço da tecnologia na sociedade moderna, não era só a destruição da natureza e o acirramento da desigualdade social com o aprofundamento da miséria, mas fundamenta

New York Parte 1 (Bogotá-Colombia)

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Uau! É verdade, eu realmente fui para NYC! E realmente encarei os dotô na Columbia University. Podemos dizer, que essa viagem teve três partes: 1º Bogotá-Colombia, 2º Columbia University, 3º Harlem. Como é muita coisa para contar, vou escrever cada parte num post. Bora lá? Saimos de Sp na sexta a noite, a ideia era irmos no show do Ba antes da viagem, porém pegamos trânsito e decidimos ir direto para o aeroporto. Pegamos o voo e tudo tranquilo, com exceção da turbulência na parte que sobrevoamos a Amazonia, eu realmente achei que ia morrer, o avião balançava demais e chovia muito. Chegamos as 5:30 da madrugada em Bogotá, fizemos os tramites e fomos dar um rolê em Bogotá.  É uma cidade muito linda, mais achei cara, 50 dolares renderam 95 mil pesos, e mal conseguimos passar a manhã. Bogotá parece uma cidade de porte médio do interior de SP. As montanhas ao fundo dão um ar mistico a cidade. Fomos de coletivo até o centro histórico, se perdemos no meio do caminho e pegamos

São eles, são elas!

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Saudações leitora, saudações leitor! Obrigado pela paciência de ler essas mal escritas linhas! Mas, se você veio até aqui, vamos ao que interessa! Tenho uma tendência incontrolável de escrever sobre coisas que me mobilizam, e, nada tem me mobilizado mais, que os alunxs da escola em que trabalho. É fascinante a diversidade e a vitalidade, recheada de resistência e sobrevivência daqueles meninos e meninas. Veja você, a escola é opressora, dominadora, castradora, formatadora (e não formadora), mas ainda assim, eles conitnuam lá, todos os dias esperando algo de novo, algo que lhes dê sentido. Hoje, eu estava no portão, esperando meu horário, e fiquei ali, olhando aqueles corpos jovens, docializados (ou não ? ), e pensando na inquietude, na necessidade latente que eles têm de viver desesperadamente a vida. De repente me dei conta, que talvez essa nessecidade frenética, urgente, desesperada, impulsiva de viver o aqui agora com  maior intensidade possível, esteja ligado a

SÓ MINA CRUEL: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE GÊNERO E CULTURA AFIRMATIVA NO UNIVERSO JUVENIL DO FUNK

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RESUMO: O presente trabalho é parte integrante da dissertação de mestrado da autora. Têm por objetivo refletir sobre as relações de gê nero entre jovens pobres moradores da periferia da Cidade de São Paulo, e parte do discurso narrado nas letras de FUNK escritas e ouvidas por esses jovens. Parte das reflexões de Herbert Marcuse e Theodor W. Adorno (Teoria Crítica da Sociedade) sobre o caráter afirmativo da cultura e formação, buscando considerar as relações de poder e dominação presente na sociedade moderna de base tecnológica, e quais são as formas que a opressão e a exploração sobre a mulher a partir da cisão entre razão e sensibilidade e o controle da natureza, se materializam no discurso presente no FUNK e nos espaços de relação entre os gêneros na nossa sociedade. A metodologia empregada foi a analise de 21 letras de FUNK veiculadas nos meios de comunicação (rádio e televisão) através de programas voltadas para o público juvenil da classe popular e a análise desse material

“A BUCETA É MINHA”: O CORPO COMO SUJEITO NO MUNDO

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Quais são as intersecções possíveis entre feminismo, funk e empoderamento da mulher? A pedagoga Jaqueline Conceição se debruçou sobre essa questão em artigo que será apresentado na Universidade de Columbia Por Marcelo Hailer* O nome de Jaqueline Conceição circulou nesta semana nos meios de comunicação por dois motivos: primeiro, pela campanha online que ela lançou para angariar fundos para uma viagem aos Estados Unidos, pois o seu artigo “Só Mina Cruel – Algumas Reflexões Sobre Gênero e Cultura Afirmativa no Universo Juvenil do Funk”, que trata da questão de gênero no universo do funk, foi selecionado para ser apresentado em um congresso da Universidade de Columbia, uma referência no mundo. O segundo motivo é que a campanha chegou na cantora de funk Valesca Popozuda, que gostou do projeto e resolveu ajudar Conceição a bancar a sua viagem para a terra do Tio Sam. Conceição resolveu tratar de um tema que é polêmico nos debates feministas, a questão da mulher e do feminismo no

O caso do vagão rosa: vagão só para mulheres, sociedade só para homens

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Reza a lenda urbana, que numa cidade enorme como São Paulo (aproximadamente 92 milhões de habitantes), onde 52% da população são espécies do sexo feminino, um simples vagão de trem na cor de rosa, por cada composição, livrará as mulheres da violência sexual diaria neste meio de transporte. Essa mesma lenda, afirma, que dessa maneira, só será vitima de violência quem quiser, já que, embora as mulheres sejam maioria, um vagão por composição será o suficiente para  protege-las. A mídia, que alimenta essas lendas, mostra em seus programas, diariamente, ora sutil, ora escancarado, as mulheres como objeto: de desejo, de consumo, de decoração, de submissão. Na mídia, as tais mulheres, são sempre novas, e quanto mais novinha melhor.  Há um programa em especial, um tal de Zorra Total, que não por acaso (ou seria acaso?), tem um quadro onde uma mulher é assédiada, e demonstra gostar, afinal ela é feia, que mulher feia não ia gostar de ser abusada, não é mesmo? Mas, esse papo de

Pelo direito a felicidade!

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Ando sentindo uma dor esquisita no peito. É uma dor que fica ali, doendo, doendo, doendo. Me pergunto, como se sente algo, que não sabe de onde vem ou por quê? Sabe, essa dor me impede de escrever, de sorrir... Essa dor as vezes me impulsiona, as vezes me para, as vezes me faz gritar, as vezes me cala... Vejo essa dor em outros rostos, outras histórias, na minha memória... Essa dor me faz gente, e eu me pergunto: o que é ser gente? Gente é levantar cedo, trabalhar, pagar as contas, sorrir ao ver um cachorro, discutir a crise mundial, acreditar que o céu é o limite? O que nos faz feliz? A propaganda diz que é o Pão de Açucar, ou um cartão de crédito. Fiz tudo que me disseram: cresci, estudei, casei, tive filhos, militei, e mesmo assim, não me vejo gente, não me sinto gente. Me sinto carne, a carne mais barata do mercado, a carne negra. Me sinto multidão, sem rosto, sem nome, sem história, sem passado, sem presente, sem futuro. Me sinto puta, perdida, largada,