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Politizar o privado é preciso....

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Recentemente, temos visto e lido uma onde de denúncias de abusos sexuais virtuais, cometidos por homens contra suas múltiplas parceiras. Até aqui, ok. Por ser um espaço ricamente sexualizado, a internet também pode ser um espaço de opressão sexual e afetiva. O que tem chamado minha atenção, frente a tais fatos, é a forma como os processos são conduzidos. Todo mundo que é adulto, e minimamente saudável gosta de putaria, o problema no entanto, é o quanto nossa formação cristã, do faça o que quiser desde que ninguém saiba está preso em nós mais que nossa pele. Outro problema de nossa formação cristã, é o fato de precisarmos romantizar as relações para podermos justificar nossos desejos, enquanto a putaria for entre os dois, por debaixo dos panos vale tudo, o problema, é quando ela deixa de ser exclusiva ou ganha proporção pública. Na minha pequena opinião, estamos diante de um problema que está para além da misoginia ou machismo, ela está no nosso individualismo racional.

A urgência do feminismo negro e o cotidiano da mulher preta!

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Quem tiver estomago, capacidade emocional, veja esse vídeo que circulou essa semana pela internet ( clique aqui ). Eu vi, mas sem ouvir o áudio, ai sem querer cliquei em cima para copiar o link e ouvir os gritos da moça e o barulho do choque da madeira contra o corpo dela. É sabido, que a violência doméstica não é exclusividade dos pobres e negros, mas sim uma praga que corta a sociedade burguesa e patriarcal de ponta a ponta. Obviamente, as mulheres negras estão mais vulneráveis a violência doméstica, pela sua própria vulnerabilidade e marginalidade. Recentemente, participei de um debate sobre o feminismo negro e Angela Davis, e sai de lá com um sensação de  E agora? Me lembro, que a dez meses atrás, quando comecei a ler sobre a Angela, um dos primeiros videos que assisti dela, dando uma entrevista, ela contava como se encontrou com o feminismo. Narrava, que havia conhecido o feminismo quando ainda morava na Europa, e que ao retornar aos EUA, ao se deparar c

Onde queres...

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Eu sou uma pessoa, que me mobilizo a partir das coisas que me afetam. Essencialmente na perspectiva dos sentidos e dos desejos. Mas poucas pessoas afetam meu desejo. Acho que lidar com os sentimentos, é o mesmo que medir o grau do seu nível etílico: é impossível fazer isso sozinho. Por um lado, sempre que uma sensação nova, um querer me desestabiliza, fico feliz por que sei que ainda sou humana, por outro lado, isso é muito ruim, por que no geral, os quereres me desestabilizam. Marcuse (esse danado), disse certa vez numa entrevista (parafraseando o lindo do Benjamin), que a força geradora não é a tecnologia é o nosso querer, que nossa vida, a intensidade de nossa vida é medida pelo quanto queremos. Ainda nessa entrevista, Marcuse diz, que o efeito mais nocivo da industrialização em massa, e sobretudo do crescente avanço da tecnologia na sociedade moderna, não era só a destruição da natureza e o acirramento da desigualdade social com o aprofundamento da miséria, mas fundamenta

New York Parte 1 (Bogotá-Colombia)

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Uau! É verdade, eu realmente fui para NYC! E realmente encarei os dotô na Columbia University. Podemos dizer, que essa viagem teve três partes: 1º Bogotá-Colombia, 2º Columbia University, 3º Harlem. Como é muita coisa para contar, vou escrever cada parte num post. Bora lá? Saimos de Sp na sexta a noite, a ideia era irmos no show do Ba antes da viagem, porém pegamos trânsito e decidimos ir direto para o aeroporto. Pegamos o voo e tudo tranquilo, com exceção da turbulência na parte que sobrevoamos a Amazonia, eu realmente achei que ia morrer, o avião balançava demais e chovia muito. Chegamos as 5:30 da madrugada em Bogotá, fizemos os tramites e fomos dar um rolê em Bogotá.  É uma cidade muito linda, mais achei cara, 50 dolares renderam 95 mil pesos, e mal conseguimos passar a manhã. Bogotá parece uma cidade de porte médio do interior de SP. As montanhas ao fundo dão um ar mistico a cidade. Fomos de coletivo até o centro histórico, se perdemos no meio do caminho e pegamos

São eles, são elas!

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Saudações leitora, saudações leitor! Obrigado pela paciência de ler essas mal escritas linhas! Mas, se você veio até aqui, vamos ao que interessa! Tenho uma tendência incontrolável de escrever sobre coisas que me mobilizam, e, nada tem me mobilizado mais, que os alunxs da escola em que trabalho. É fascinante a diversidade e a vitalidade, recheada de resistência e sobrevivência daqueles meninos e meninas. Veja você, a escola é opressora, dominadora, castradora, formatadora (e não formadora), mas ainda assim, eles conitnuam lá, todos os dias esperando algo de novo, algo que lhes dê sentido. Hoje, eu estava no portão, esperando meu horário, e fiquei ali, olhando aqueles corpos jovens, docializados (ou não ? ), e pensando na inquietude, na necessidade latente que eles têm de viver desesperadamente a vida. De repente me dei conta, que talvez essa nessecidade frenética, urgente, desesperada, impulsiva de viver o aqui agora com  maior intensidade possível, esteja ligado a

SÓ MINA CRUEL: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE GÊNERO E CULTURA AFIRMATIVA NO UNIVERSO JUVENIL DO FUNK

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RESUMO: O presente trabalho é parte integrante da dissertação de mestrado da autora. Têm por objetivo refletir sobre as relações de gê nero entre jovens pobres moradores da periferia da Cidade de São Paulo, e parte do discurso narrado nas letras de FUNK escritas e ouvidas por esses jovens. Parte das reflexões de Herbert Marcuse e Theodor W. Adorno (Teoria Crítica da Sociedade) sobre o caráter afirmativo da cultura e formação, buscando considerar as relações de poder e dominação presente na sociedade moderna de base tecnológica, e quais são as formas que a opressão e a exploração sobre a mulher a partir da cisão entre razão e sensibilidade e o controle da natureza, se materializam no discurso presente no FUNK e nos espaços de relação entre os gêneros na nossa sociedade. A metodologia empregada foi a analise de 21 letras de FUNK veiculadas nos meios de comunicação (rádio e televisão) através de programas voltadas para o público juvenil da classe popular e a análise desse material

“A BUCETA É MINHA”: O CORPO COMO SUJEITO NO MUNDO

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Quais são as intersecções possíveis entre feminismo, funk e empoderamento da mulher? A pedagoga Jaqueline Conceição se debruçou sobre essa questão em artigo que será apresentado na Universidade de Columbia Por Marcelo Hailer* O nome de Jaqueline Conceição circulou nesta semana nos meios de comunicação por dois motivos: primeiro, pela campanha online que ela lançou para angariar fundos para uma viagem aos Estados Unidos, pois o seu artigo “Só Mina Cruel – Algumas Reflexões Sobre Gênero e Cultura Afirmativa no Universo Juvenil do Funk”, que trata da questão de gênero no universo do funk, foi selecionado para ser apresentado em um congresso da Universidade de Columbia, uma referência no mundo. O segundo motivo é que a campanha chegou na cantora de funk Valesca Popozuda, que gostou do projeto e resolveu ajudar Conceição a bancar a sua viagem para a terra do Tio Sam. Conceição resolveu tratar de um tema que é polêmico nos debates feministas, a questão da mulher e do feminismo no