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Por que somos contra a redução da maioridade penal: a situação das unidades de internação para adolescentes infratores no Estado do Ceara

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"Há um cenário de colapso, com superlotação de até 400%. Nem no sistema prisional tem esse número. Os internos não têm atividades socioeducativas, atividades de lazer e esporte. Eles passam praticamente 24 horas em celas lotadas. Isso forma o contexto das rebeliões", diz o membro da Cedeca.                                                                          Fonte: http://g1.globo.com/ceara/noticia/2015/11/jovens-fazem-rebeliao-e-incendeiam-centro-para-menores-infratores-no-ce.html Desde as 16 horas de hoje, 06 de Novembro de 2015, a mídia local vem noticiando diversas rebeliões nos Centros para Adolescentes Infratores em Fortaleza, no Ceara. Os números são alarmantes: segundo a mídia local, desde o mês de Outubro desse ano, essa é a sétima rebelião. Uma pesquisa rápida pelos sites de busca, onde noticias são vinculadas sobre o levante dos jovens internados, fica evidente o cenário de colapso e calamidade. Superlotação e condições desumanas são as prin

Da Buceta

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O feminino (na perspectiva da grande maioria), na modernidade é essencialmente marcado pela BUCETA. Tanto, que existem feministas que localizam ai o ponto central da opressão, e levantam a bandeira que por isso as camaradas transgênero não poderiam reivindicar para si o feminismo. Eu, particularmente acho isso um erro, mais eu diria que é um erro ideológico (no sentido que Marx descreve a ideologia como a realidade invertida), por que se nossa opressão está tão somente em nosso órgão, basta negarmos sua existência e uso, que consequentemente a opressão deixará de existir. Acertei? Ou têm mais? Do meu último post pra cá, tanta coisa aconteceu. Mais o fundamental, é o meu processo de religare com meus ancestrais. É importante dizer, que assim  como os filósofos da Escola de Frankfurt entendem que a mitologia grega é uma explicação primária da realidade, é possível pensarmos que os itáns da tradição yorubà (as histórias dos Órixas, como conhecemos no Brasil), também são uma

Sobre os Orixás

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A minha família, é negra. Tem a mestiçagem, mais olhando para todas nós, vejo que somos negras. Mesmo minha irmã com a pele branca, é negra também.  Mais levei 28 anos para entender a dimensão disso: da negritude que há em nós. Quando eu era criança, não podia usar o cabelo solto, e tinha que me comportar por que apesar de sermos negros "somos limpinhos" dizia mamãe. E como ao longo da vida, todos os elementos que afirmam minha negritude foram negados ou recriminados, ora pela minha família, que reproduzia aquilo que foi dito a ela sobre o ser negro, ora pelos espaços sociais que transitei. Não avalio que as coisas mudaram hoje, há uma aceitação maior sobre o negro, mais em tese, essencialmente a coisa continua do mesmo jeito, ou até pior. Hoje os brancos, exigem que a gente que pode acessar o mundo perfeito deles, os tenha em devoção. Exigem fidelidade, aceitação e amor incondicional. Tal qual o Massa fazia com os escravos da casa grande: oh criolo, te tirei do

Amores líquidos, Tinder e a nova jontex (ultra sensível)

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Uma vez conheci um cara, que me disse que gostava de trocar fotos com pessoas do Tinder, veja bem, fotos picantes e picosas. Na época, o tal Tinder era o fervo entre a turminha das redes sociais, e eu pobrecita que sou, não tinha acesso a tal aplicativo. Pois bem, o tempo passou, mudei de aparelho e cai na burrada em instalar o aplicativo. Burrada, não por que não goste de fotos picantes e picosas, mais por que o  aplicativo é no minimo curioso, para não dizer estranho. A minha primeira impressão é que só existem homens brancos, saradíssimos e que vão pra Europa, no tal aplicativo. Segundo, é o machismo absurdo, que normatiza as relações virtuais. Por exemplo, se o cara for teu match mais você puxar papo no inbox, ele não retorna, por que até no mundo virtual a boa máxima de que os homens devem tomar a iniciativa, vigora e com status de verdade católica. Ai te perguntam: é casada? Digo sim. Silêncio. Tem filhos? Digo dois. E então, acontece a parte que mais gosto:

Um Merlot faz você feliz!

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Vivemos tempos difíceis. A felicidade anda cada vez mais estranha, ou cara! Depende do ponto de vista. Na minha infância, felicidade era ter o pai em casa, ou danone na geladeira. Hoje, ser feliz implica ter aquele peso, aquela roupa, aquele emprego, aquela viagem, tomar aquele vinho, namorar aquela pessoa, militar naquele espaço. Há um tempo atras eu pensava, que isso era coisa do mundo adulto, por que nossa noção de mundo está ligada as nossas experiências imediatas, e, já que no mundo dos adultos, tudo se resume a pagar e comprar (e portanto trabalhar), eu pensava que todas essas coisas eram dessa fase da vida.  Mais hoje vendo as crianças, assistindo os desenhos, lendo as histórias, eu começo a perceber que no mundo delas, as coisas também são assim; ser feliz é ter aquele brinquedo, estudar naquela escola, ter aquele amigo, usar aquele tênis, jogar aquele jogo. Fico pensando afinal, o que é a felicidade? Me parece que ela é um ideal inatingível, mais que fomenta a e

Politizar o privado é preciso....

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Recentemente, temos visto e lido uma onde de denúncias de abusos sexuais virtuais, cometidos por homens contra suas múltiplas parceiras. Até aqui, ok. Por ser um espaço ricamente sexualizado, a internet também pode ser um espaço de opressão sexual e afetiva. O que tem chamado minha atenção, frente a tais fatos, é a forma como os processos são conduzidos. Todo mundo que é adulto, e minimamente saudável gosta de putaria, o problema no entanto, é o quanto nossa formação cristã, do faça o que quiser desde que ninguém saiba está preso em nós mais que nossa pele. Outro problema de nossa formação cristã, é o fato de precisarmos romantizar as relações para podermos justificar nossos desejos, enquanto a putaria for entre os dois, por debaixo dos panos vale tudo, o problema, é quando ela deixa de ser exclusiva ou ganha proporção pública. Na minha pequena opinião, estamos diante de um problema que está para além da misoginia ou machismo, ela está no nosso individualismo racional.

A urgência do feminismo negro e o cotidiano da mulher preta!

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Quem tiver estomago, capacidade emocional, veja esse vídeo que circulou essa semana pela internet ( clique aqui ). Eu vi, mas sem ouvir o áudio, ai sem querer cliquei em cima para copiar o link e ouvir os gritos da moça e o barulho do choque da madeira contra o corpo dela. É sabido, que a violência doméstica não é exclusividade dos pobres e negros, mas sim uma praga que corta a sociedade burguesa e patriarcal de ponta a ponta. Obviamente, as mulheres negras estão mais vulneráveis a violência doméstica, pela sua própria vulnerabilidade e marginalidade. Recentemente, participei de um debate sobre o feminismo negro e Angela Davis, e sai de lá com um sensação de  E agora? Me lembro, que a dez meses atrás, quando comecei a ler sobre a Angela, um dos primeiros videos que assisti dela, dando uma entrevista, ela contava como se encontrou com o feminismo. Narrava, que havia conhecido o feminismo quando ainda morava na Europa, e que ao retornar aos EUA, ao se deparar c