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Negra, mãe, macumbeira e mestre em educação

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"Quero abrir passagem para outros negros”, diz Jaqueline Conceição  da Silva,  educadora da periferia. Postado por:  Da Reportagem em 08/03/2016 às 17:37      |     Última atualização:  08/03/2016 às 17:38 Assumir-se! Negra, mãe, macumbeira, moradora de uma ocupação na zona norte de São Paulo e mestre em educação pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Jaqueline Conceição da Silva assumiu e venceu muitas batalhas ao longo dos seus 31 anos, mas, firme para encarar a realidade adversa, titubeia quando é questionada sobre seus sonhos. “Sonho é aquilo que quando a gente vai deitar, fecha o olho e nos faz bem, né?”, reflete e, logo, pontua: “Eu tenho metas e um desejo de ver meus filhos homens adultos, com famílias constituídas e de preferência com filhos. Que eles tenham suas companheiras, companheiros, filhos biológicos ou adotados, e eu possa ver isso. Igual família de filme norte-americano, com patriarca e matriarca sentados reunidos”, emocion

O que precisa ser dito... mais a maioria de nós não gosta de dizer

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No começo desse ano, em Fevereiro, Francisca uma líder sindical campesina, negra e moradora de uma cidade do Maranhão, foi brutalmente assassinada e estuprada. Seu corpo negro e gordo, foi encontrado nu e ensanguentado, marcado pela tortura e jogado numa poça de lama. Na época do fato, não vi nenhum textão indignado de nenhuma feminista aqui do sudeste, nem muito menos de nenhuma feminista, nem mesmo das feministas negras da da high society virtual das revistas de esquerda e textões, ou da geração tombamento. O que a morte de uma trabalhadora do campo, negra e gorda pode ter de glamoroso para nos? Quantos likes e um textão sobre isso no Facebook pode ter? Ás vezes, tenho a impressão de que ser feminista negra em nosso mundo pequeno burguês onde as pessoas letradas e politizadas circulam, se resume a holofote e elogios, e um bocadinho de brigas virtuais e dramas pós modernos marcados por ser bloqueada no Facebook. Hoje, dia 08 de Março, dia da mulher (sobretudo das mu

Deixe - me ir, estou por ai a procurar....

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Eu podia começar esse post chorando mil fitas, mil trutras e mil tretas... Mais eu sou uma mulher feita no orixá, filha de Xangô com Oxum, não choro, eu luto. Luto por mim e por todo mundo, luto pela beleza e pelo amor. Eu luto. Se canso? Sim, quase sempre. Canso quando me traem, por que sou fiel a minhas ideias, crenças e sentimentos. Não faço nada que não seja visceral, genuíno e único pra mim. Especial de verdade. Já sofri muito, já fui traída, esquecida, negada, passada para traz. Mais hoje, não me levo mais por isso. Na minha cabeça têm um rei e uma rainha. O rei mais forte e mais belo dos Yorubas, a rainha mais doce, feiticeira e bela dentre todas. Não há nada que Xangô queira que ele não consiga ter; não há nada que Oxum queira, que ela não vai conseguir ter. Sou feita pedra. Sou pedra. Sou guerreira, não se espante. Faço meu caminho e sigo por ai a procurar aquilo que conforta meus olhos e meus corpo, por que meu coração é quente e repleto de amor e vital

Ela uni todas as coisas...

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Eu comecei esse blog, em 2013, para poder escrever sobre as minhas angústias.  Desde que eu me entendo por gente, eu tenho uma necessidade muito grande de falar, e preciso ser ouvida. De 2013 pra cá, aconteceu muita coisa. Pessoas entraram e saíram da minha vida, algumas permaneceram, algumas poucas coisas mudaram, outras foram esquecidas, outras permanecem vivas e ativas nas minhas memórias. Mais têm uma coisa que ao que tudo indica, não vai mudar nunca: a necessidade que tenho de dizer o que penso, sobretudo para as pessoas que se negam a me ouvir. Sabe, eu tenho pensado, por que temos tanta dificuldade em se relacionar? Será que é por que o mundo é cheio de regras e normas malucas e inatingíveis? É como se a vida fosse um jogo, onde temos que seguir um roteiro, e tudo precisa estar milimetricamente definido pelas normas e etiquetas desse jogo. Mulher precisa ser assim, homem precisa ser assado, gay precisa ser cozido, trans precisa cru e se a gente tenta não ser o qu

Por que somos contra a redução da maioridade penal: a situação das unidades de internação para adolescentes infratores no Estado do Ceara

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"Há um cenário de colapso, com superlotação de até 400%. Nem no sistema prisional tem esse número. Os internos não têm atividades socioeducativas, atividades de lazer e esporte. Eles passam praticamente 24 horas em celas lotadas. Isso forma o contexto das rebeliões", diz o membro da Cedeca.                                                                          Fonte: http://g1.globo.com/ceara/noticia/2015/11/jovens-fazem-rebeliao-e-incendeiam-centro-para-menores-infratores-no-ce.html Desde as 16 horas de hoje, 06 de Novembro de 2015, a mídia local vem noticiando diversas rebeliões nos Centros para Adolescentes Infratores em Fortaleza, no Ceara. Os números são alarmantes: segundo a mídia local, desde o mês de Outubro desse ano, essa é a sétima rebelião. Uma pesquisa rápida pelos sites de busca, onde noticias são vinculadas sobre o levante dos jovens internados, fica evidente o cenário de colapso e calamidade. Superlotação e condições desumanas são as prin

Da Buceta

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O feminino (na perspectiva da grande maioria), na modernidade é essencialmente marcado pela BUCETA. Tanto, que existem feministas que localizam ai o ponto central da opressão, e levantam a bandeira que por isso as camaradas transgênero não poderiam reivindicar para si o feminismo. Eu, particularmente acho isso um erro, mais eu diria que é um erro ideológico (no sentido que Marx descreve a ideologia como a realidade invertida), por que se nossa opressão está tão somente em nosso órgão, basta negarmos sua existência e uso, que consequentemente a opressão deixará de existir. Acertei? Ou têm mais? Do meu último post pra cá, tanta coisa aconteceu. Mais o fundamental, é o meu processo de religare com meus ancestrais. É importante dizer, que assim  como os filósofos da Escola de Frankfurt entendem que a mitologia grega é uma explicação primária da realidade, é possível pensarmos que os itáns da tradição yorubà (as histórias dos Órixas, como conhecemos no Brasil), também são uma

Sobre os Orixás

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A minha família, é negra. Tem a mestiçagem, mais olhando para todas nós, vejo que somos negras. Mesmo minha irmã com a pele branca, é negra também.  Mais levei 28 anos para entender a dimensão disso: da negritude que há em nós. Quando eu era criança, não podia usar o cabelo solto, e tinha que me comportar por que apesar de sermos negros "somos limpinhos" dizia mamãe. E como ao longo da vida, todos os elementos que afirmam minha negritude foram negados ou recriminados, ora pela minha família, que reproduzia aquilo que foi dito a ela sobre o ser negro, ora pelos espaços sociais que transitei. Não avalio que as coisas mudaram hoje, há uma aceitação maior sobre o negro, mais em tese, essencialmente a coisa continua do mesmo jeito, ou até pior. Hoje os brancos, exigem que a gente que pode acessar o mundo perfeito deles, os tenha em devoção. Exigem fidelidade, aceitação e amor incondicional. Tal qual o Massa fazia com os escravos da casa grande: oh criolo, te tirei do