Palestina Livre



Com a retomada dos ataques a Gaza, o FaceBook tem pipocado de imagens sobre a Palestina e sobre as belíssimas mulheres palestinas.
Aqui nos trópicos, hoje é dia latino americano e caribenho de combate a violência contra a mulher, e fiquei pensando, como deve ser o cotidiano das mulheres árabes em Gaza.
Ninguém nos conta nada sobre isso! A única coisa que sabemos sobre isso são as fotos belas que circulam pela internet dessas mulheres. Quem são, como vivem, o que fazem: isso não se fala.
Procurei na internet coisas sobre isso e não tive muito exito, mas me lembrei de um livro chamado "A história oculta do sionismo" de Ralph Schoenman. Embora, no livro o autor não fale especificamente das mulheres árabes em Gaza, ele nós dá pista da história do Sionismo e do genocídio contra o povo árabe que sempre viveu em Israel.
Vejo também nas redes sociais, e ouço na rua muitas coisas absurdas; coisas de pessoas que não conhecem essa história antiga, que começou no século XIX, sempre com o apoio da Europa Ocidental, e depois de 1941 com o apoio dos Estados Unidos também.
Recomendo a leitura do livro, ele tem informações fundamentais para compreender este processo.
Mas vou reproduzir aqui, um trecho de um livro chamado " A muralha de ferro" de Jabotinsky de 1923, que é citado no livro " A história oculta do sionismo". Este livro (A muralha de ferro), para os sionistas é uma referencia para sua articulação política. 
É um texto forte, mas que para os que ainda tem dúvida sobre a legitimidade da luta do povo árabe, deixa bem claro a compreensão que os israelenses tem sobre sua ações:

"Não cabe pensar em uma reconciliação voluntária entre nós e os árabes, nem agora nem num futuro previsível. Todas as pessoas bem-intencionadas, fora os cegos de nascimento, compreenderam a muito a completa impossibilidade de se chegar a um acordo voluntário com os árabes da Palestina para transformar a Palestina de país árabe em um país de maioria judia.Cada um de vocês tem uma ideia geral da história das colonizações. Tente achar ao menos um exemplo de colonização de um país que aconteceu com o acordo da população nativa. Tal coisa nunca aconteceu.
Qualquer povo nativo considera seu país como seu lar nacional, do qual devem ser donos absolutos. Nunca aceitarão outro mestre voluntariamente. Assim ocorre com os árabes. Conciliadores entre nós tentam nos convencer de que os árabes são uma especie de tolos que serão enganados com formulações que ocultem nossos objetivos básicos. Nego-me redondamente a aceitar essa visão dos árabes palestinos.
Eles têm exatamente a mesma psicologia que nós. Olham a Palestina com o mesmo amor instintivo e o mesmo autêntico fervor com que qualquer asteca olhava seu México ou qualquer sioux contemplava sua pradaria. Qualquer povo lutará contra os colonizadores enquanto lhe reste um fio de esperança de que eles possam evitar o perigo da conquista e da colonização. Os palestinos lutarão dessa forma até que que não haja mais o menor lampejo de esperança.
Não importam as palavras com que expliquemos nossa colonização. A colonização tem seu próprio significado, pleno e imprescindível, compreendido por qualquer judeu e por qualquer árabe. A colonização tem um só objetivo. Tal é a natureza dessas coisas. E tentar mudar seu caráter é impossível. Foi necessário desenvolver a colonização contra a vontade dos árabes  palestinos e a mesma situação se dá hoje.
Inclusive, um acordo com os não-palestinos representa o mesmo tipo de fantasia. Para que os nacionalistas árabes de Bagdá, de Meca e de Damasco aceitassem pagar um preço tão alto, eles teriam de negar-se a manter o caráter árabe da palestina.
Não podemos dar nenhuma compensação pela Palestina, nem aos palestinos, nem aos demais árabes. Portanto, é inconcebível um acordo voluntário. Qualquer colonização, ainda que a mais restrita, deve-se desenvolver desafiando a vontade da população nativa. Portanto, a colonização somente pode continuar e desenvolver-se sob um escudo de força que incluía uma muralha de ferro que jamais possa ser penetrada pela população local. Esta é nossa politica árabe. Formula-la de qualquer outro modo seria hipócrita.
Mediante a Declaração Balfour ou mediante o Mandato, é indispensável a força externa para estabelecer no país as condições de dominação e defesa pelas quais a população local, independente de seus desejos, veja-se privada da possibilidade de impedir nossa colonização. Em termos administrativos ou físicos. A força há de jogar seu papel, com energia e sem indulgência. A respeito disso, não há diferenças substanciais entre nossos militaristas e nossos vegetarianos. Uns preferem uma muralha de ferro formada por baionetas judias, outros uma muralha de ferro composta por baionetas inglesas.
À censura estúpida de que esse ponto de vista não é ético, respondo: "é totalmente falso". Essa é a nossa ética. Não há outra ética. Enquanto os árabes tiverem a menor esperança de impedir-nos, eles não venderão essas esperanças por nenhuma palavra doce nem por nenhum bocado apetitoso, por que não nos enfrentaremos como gentalha e sim como um povo, um povo vivo. E nenhum povo faz concessões tão grandes sobre questões tão decisivas, a não ser quando não lhes resta nenhuma esperança, até que tenhamos tampado qualquer brecha na muralha de ferro."

Essa passagem do livro, é suficiente para explicar e dizer tudo que deve ser dito sobre a prática sistemática de genocídio e extermino de Israel.
Conhecer a história sempre nos liberta e nos possibilita reelaborar o passado para um futuro melhor. Conhecer a real história sobre Gaza e Israel, conhecer a história entre o crime e a Policia do Estado Brasileiro, conhecer a historia da opressão do Homem sobre a Mulher pode nos dar indicativos para construirmos a mudança real que tanto necessitamos.
Dedico este post a figura silenciosa das mulheres palestinas e latino americanas. 
Dedico este post a nós: mulheres invisíveis que lutamos pela nossa libertação, pela libertação de nosso povo. Junto com os homens, pois a luta é dos homens, das mulheres, das crianças, dos índios,  dos palestinos, dos favelados, dos pretos, dos pobres, dos oprimidos e dos explorados.

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