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Os 5 pilares da Educação Antirracista

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  O pensamento branco insiste na concepção de que educar é algo externo e que uma pessoa que educa não é educada também no processo da educação. Entanto, que a branquitude localiza a aprendizagem em livros ou processos externos ao corpo humano, como a inteligência artificial.  Localizar a razão e o conhecimento fora do corpo, é o modo mais eficaz de controlar quem pode produzir conhecimento e quem pode acessar o conhecimento. É esse o contraponto da Educação Antirracista: o conhecimento nasce no corpo e se compartilha com o corpo porque só se pode aprender com o corpo.  Assim, na educação antirracista, o corpo é a palavra chave! Mas, quais são os pilares fundamentais de uma prática educativa antirracista? Vamos conhece-los? 1. Auto conhecimento racial: uma pessoa não é capaz de partilhar letramento racial se ela não for capaz de racionalizar sua própria racialidade. Racionalizar como forma de elaborar e dar sentido a sua jornada racial. Sim, cada pessoa tema jornada racial que passa po

Recomeçar?

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No ano que vem eu finalmente vou encerrar um ciclo de 5 anos que foi o doutorado. Na verdade, não foram 5 anos, foram 20 anos de jornada a acadêmica, desde a graduação na Unisantana de Pedagogia. Antes de conseguir entrar e concluir o curso de Pedagogia na São Camilo, eu tentei por duas vezes fazer o curso de Pedagogia na Unisantana. A última memória que eu tenho da Unisantana é de uma aula sobre psicologia da educação, a professora estava passando mal por que não podia ficar muito tempo sem comer, e eu estava desde as 5 horas da manhã com um pão na barriga.  Aquilo me fez tão mal, que eu simplesmente não consegui voltar mais. Hoje sei que a angustia que eu senti, é o que eu chamo de neurose racial.  Confesso que me sinto um pouco ansiosa com o fim do doutorado. O que vem depois disso? Como é a vida depois de 20 anos pelejando dentro da universidade? O que se faz? Pós doc? Concurso para dar aula? Outro doutorado? Um ano de descanso? Eu não sei bem o que vou fazer, mais eu sei que quero

Meu tratado de prosperidade

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Dinheiro sempre foi um problema na minha vida. Quando eu era criança, eu brincava que era muito rica e mentia na escola que meu pai tinha carro. Eu sempre tive muita vergonha de ser pobre, eu me sentia como se por ser pobre eu fosse menos pessoa, menos gente. Mas ao mesmo tempo, eu cresci e a medida que a minha possibilidade de aumentar meus ganhos foi se tornando real, veio a vergonha de ser rica. Lembro que uma vez eu joguei búzios e o jogo me disse que eu nasci para ser tão grande quanto Xango. Isso é ser muito grande mesmo, por que Xango é o maior rei que os yorubas conheceram.  Mas que droga, eu sou uma mulher negra que nasceu no berço da miséria. Será que ser doutora, dona de uma empresa e ter casa própria já não ser grande o suficiente? Eu escrevo isso chorando, por que me dói pensar todo o esforço e sacrificio que eu fiz a minha vida inteira. Outro dia minha orientadora de doutorado disse que tem inveja de mim e da minha vida, por que faço coisas muito legais e criativas. Eu fi

Como podemos trabalhar o dia 20 de Novembro nas Empresas?

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  Tempo de leitura: 3 minutos Todo ano é a mesma coisa, as empresas buscam desesperadamente palestras para celebrar o dia 20 de Novembro. Algumas querem que os palestrantes negros e negras participem pela causa (sem pagamento) outras pagam 70 mil para alguma figura negra famosa, mas qual é o objetivo disso? Incluir pessoas negras? Motivar pessoas negras? Letrar racialmente as pessoas que trabalham na organização?  Olha, eu trabalho desde 2017 com consultoria em empresas sobre diversidade e inclusão racial, e os resultados mais sólidos que eu vi foi justamente aqueles em que as ações como palestras, rodas de letramento, rodas de escuta racial, estavam conectadas justamente a ações estratégicas. Ações essas que estão alinhada com as metas do negócio. Qualquer empresa pode e deve desenvolver ações de Diversidade Racial, independente de ser grande, pequena, média, e pode ser de qualquer área. Setor público, setor privado, tecnologia, financeiro, educativo. Não importa, é fundamental entend

Eu também faria cirurgia bariátrica se fosse minha melhor opção!

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Tempo de leitura: 5 minutos Emagrecer é uma das coisas mais difíceis da vida. Como eu sofri nos últimos 13 anos. Desde a vergonha por estar gorda (numa sociedade que valoriza a magreza como sinônimo de sucesso) chegando nos problemas de saúde que acumulei nos últimos 13 anos.  Emagrecimento (que não é a mesma coisa que perder peso) é um processo longo, que implica várias coisas: saúde emocional, saúde física, alimentação, apoio médico, mudança de hábitos físicos e mentais. É algo que é uma tarefa, como fazer um doutorado ou aprender a dirigir, ou aprender um idioma novo. Não é uma coisa simples, que se faz em seis meses. O processo de emagrecimento leva de 5 a 10 anos. Perder peso podemos perder em uma semana, mas emagracer leva tempo e exige dedicação e muito cuidado. Quantas vezes, depois de um dia longo e exaustivo de trabalho, com duas crianças pequenas, eu apenas fazia um pão com frios e um copo de refrigerante? Eu nem sei. Houveram épocas da minha vida que eu trabalhei 12, 14, 16

Palestras sobre Libertação (Lectures on Liberation)

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  Tradução de Jaque Conceição (Pedagoga e Mestra em Educação: História, Política, Sociedade)   Preâmbulo  Em 1969, Angela Yvonne Davis era uma jovem de 23 anos. Negra, comunista e doutora em Filosofia pelo Instituto de Pesquisa Social em Frankfurt/Alemanha. Na Europa, ela estudou com Theodor Adorno, um dos intelectuais mais influentes da filosofia moderna alemã. O texto a seguir trata da transcrição da sua aula inaugural em seu curso sobre filosofia moderna. Nessa aula, o auditório com capacidade para 2500 pessoas do campus da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA – EUA) lotou. Angela Davis, uma jovem professora de filosofia, militante do Partido Comunista e atuante nos Panteras Negras, demonstrou brilhantemente nessa aula inaugural sua visão de mundo e interpretação filosófica da realidade dos negros norte-americanos. Temas como: religião, identidade, subjetividade, liberdade dão o tom do seu brilhantismo e capacidade singular de ler e descrever o mundo naqueles anos de luta